quarta-feira, 24 de novembro de 2010

...
"Eu quero um punhado de estrelas maduras.
Eu quero a doçura do verbo viver."

E que nestas estrelas estejam as suas, e que dentro deste verbo esteja você.

domingo, 21 de novembro de 2010

Em teu caminho...

Se insano quiseres revê-la, desdobre tua latência em fotografia. Vá no mês que falam as flores e busque o sorriso azul celeste. É lá que estarás quem procuras.
Se insano quiseres revê-la para desafogar a saudade, entra no primeiro ônibus no primeiro horário. Desce na curva do rio. Caminha ainda por uns quinze minutos e descansa na praça. É lá que estará quem procuras. No terceiro banco de livro aberto, de alma grande, de cabelo borboletas. Mas todo cuidado é pouco. Afinal, tua caça não é estática ou vive de pretéritos imperfeitos. O tempo desenrola no tempo como um novelo se desfazendo em linha lisa. Olhos mudam como muda a luz ou como corre a chuva. O tempo não perdoa um coração que tenha partido. Nem cola um coração que tenha se partido. O tempo agora é teu inimigo e não te suporta amante.
Se esse amor existiu, nunca mais passou por aqui.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010



Ser definível é insuportável. E meus sinônimos, eu engulo todos no café da
manhã. É que dispenso a ideia de ser palavra complexa. Palavra complexa é
simplesmente palavra no dicionário. Não quero caber na minha bolha de plástico
ou no meu mundo de algodão, apesar de amá-los tanto. Não quero bastar-me a meu próprio corpo pequeno de sonhos imensos, muito menos em meus sonhos imensos minúsculos, insuficientes. O descansar de uma vírgula? A euforia da exclamação? A subjetividade de pergunta? Esqueci no fundo da gaveta com a poeira de anos. Às vezes a limpeza da casa é tal como uma nova esperança, às vezes é mero
passatempo. Num ponto final, não. Ainda tenho sede. Multiplicá-lo em três,
fantasiando-me reticências, não. Ainda tenho sede.

cubo mágico, caixa preta, vitrine de loja, neste texto estúpido, que nada disso me contenha, nunca.
jamais equilibrar no limite.

Sem porquês, porque

Nem Freud.
Nem Jung.

Eu quero ser para sempre o que ninguém explica.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Confesso

Venho sentindo muito medo a cada dia. Estou parda. De beleza
esgotada. Estou vazia de esperança que já até matei alguns sonhos antigos. No
entanto, continuo com a sensação de ter me perdido numa esquina a qual não
dobrei. É ausência de mim que sinto.
-Deus, resta-me a vida inteira, seja parda
seja colorida.
Apesar do vazio ter amputado as minhas pernas, seguirei rastejando.

Mesmo em pó,
Ainda estou aqui.