quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Quando o silêncio daquela voz dominou minha alma, logo pensei: é o fim, companheiro. Deixe as coisas, as cartas, as fotos, deixe inclusive os sorrisos mais distraídos na gaveta dos guardados.
Ela disse adeus adeus adeus... e emudeceu.
Despertei cinza e disforme como uma obra de arte contemporânea complexa e inovadora. Quem me visse ali, não entenderia sequer a expressão nos meus olhos. Pus-me a caminhar sem sentir os pés. Entre estradas ocultas deste mundo louco eu era apenas um coração bandido a roubar alegrias em jardins alheios. Eu tinha pressa de um amor-luz que nunca parecia chegar. Já vivi épocas de sentimentos gigantes, de donzelas em torres, de flores e tranças. Já me entrelacei e me perdi no emaranhado de cabelos louros, ruivos e pretos. Já passeei pela pele de tantas mulheres e até fiz música em alguns destes corpos. Mas foi quando o silêncio de uma única voz se fez sobre mim que pensei: é o fim, companheiro. Perdi um pouco a coragem de explodir intenso na vida. E o que mais me entristece nisso tudo, não é o fato de estar sem ela, mas de ter me acostumado a estar sem ela. Logo agora, ao ocupar a mente com outras e outras mulheres, outras tarefas e outras cidades, o silêncio morre. Meu telefone toca para dizer mais uma vez nós dois. O coração sussurra sereno: aproveita, seu tempo é curto.

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