quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Carta um

Querido T.,

Cai o céu no Rio e lembro nossa conversa sobre borboletas amarelas e andorinhas voando baixo (devem ter passado por aqui). Estou certa? Faz mais de ano e sabemos a minha doce mania de esquecimento. Chove um pouco aqui dentro do quarto e de mim (Buba insistiu para escrever isso). Há tempos queríamos contar as novidades. Sim, mudei para capital, minto, para a cidade vizinha, e não, não gosto dela. O trânsito é péssimo, a rua cheira peixe e não tenho onde guardar as roupas. O dia realmente está branco e cinza. Encontrei um par, mando-lhe fotos. A faculdade, uma novela. Hoje vou ao centro carioca ouvir boa música e espero que a chuva não me desanime. Não tive bons dias, estou vazia, com saudade, transbordando em pensamentos. Sinto falta de você me levar para casa ou ir a Penedo comer truta na beira da cachoeira. Sinto falta de você me contando coisas além da vida, dos planos e viagens, quando eu podia me esquecer. Contudo, não me responda. A carta é uma vontade egoísta de desabafo, prefiro manter a projeção criada. Queria o silêncio que tínhamos e tanto era incomodo. Queria um conselho de quem amou demais e perdeu tudo. Você sempre foi forte. Queria o jeito bom de ser amigo, e queria, como sempre, ter 12 anos.
Preciso mudar de casa e corpo e alma para um abrigo mais leve. Desconheço-me há dias. Estou sofrendo, perdi vontades, não sei se amo, não amo, amo, não, não sei, e dói amar.
Fico aqui mais seis meses, no mínimo. Venha me visitar! Podemos ir ao Corcovado e Copa, faz bem distrair a cabeça. Traga também Gustavo e os meninos, eles são ótimos, divertidos. Passo pela sua cidade linda quando for a Inhotim e tomamos um cappuccino com pão-de-queijo, boa? Parou a chuva, o sol vem tímido. Está abafado no Rio e não vejo o Cristo, tem muita nuvem.
Buba manda  beijos e promete cuidar de mim.
(ele precisa de um banho e eu, de paz).

Mariana.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Quebra

O amor não é aquele que tudo pode e tudo supera e tudo salva.

                                                           [julguem-me]

Este é o respeito.
Que também é o ar e o chão.
Sem ele, o amor não respira; não caminha.

O amor constrói e destrói.
Só o respeito sustenta.

domingo, 2 de setembro de 2012

" Solidão

não é a falta de gente para conversar, namorar, passear ou fazer sexo... Isto é carência!
Solidão não é o sentimento que experimentamos pela ausência de entes queridos que não podem mais voltar... Isto é saudade!
Solidão não é o retiro voluntário que a gente se impõe, às vezes para realinhar os pensamentos... Isto é equilíbrio!
Solidão não é o claustro involuntário que o destino nos impõe compulsoriamente... Isto é um princípio da natureza!
Solidão não é o vazio de gente ao nosso lado... Isto e circunstância! Solidão é muito mais do que isto...SOLIDÃO é quando nos perdemos de nós mesmos e procuramos em vão pela nossa alma."

(Chico Buarque)