terça-feira, 15 de março de 2016

14:21

 O tempo é dono das leis do mundo. Um dono miúdo, um dono menino. Estamos sujeitos às suas indagações. Sabido e traquinas brinca com os deuses. O tempo tem a bisbilhotice dos olhos do menino. A loucura da mente do menino. O ardor do corpo do menino. O absurdo dos desejos do menino. A simplicidade do sorriso do menino. O mistério do coração do menino. O tempo é inteiramente menino. Na praça, na escola, na cama, no colo, no peito, em si. Jamais o tento captar, pois alem de menino é vento. Por vezes brisa, noutras tufão.  Além de menino é água. Por vezes lagoa, noutras redemoinho. Além de menino é terra. Por vezes fértil, noutras secura. Não se pega, se perde e gasta. O dono singelo das coisas e não coisas, escrito pela ciência como relativo. Como medir quanto tempo dura o tempo? Caberia no ponteiro de relógio? Todos esses segundos desperdiçados em palavras podem ser me cobrados, caríssimos. Como medir o valor do tempo? Compro em balas? Menino, criança, gigante que passa deixando marcas, vá com calma, não corra na beira da estrada, há perigo logo ali e você é jovem. Deixe-me saborear suas brincadeiras e seja meu anjo. Pegue o giz e desenhe meu caminho até o céu. Menino, desta janela do oitavo andar, o admiro. E só quer saber de olhar saias de raparigas, jogar pipoca aos pombos, assustar os velhos, fazer tropeçar os casais. É um dono bagunceiro que revira nossa vida só para organiza-la depois. E depois de depois, desarranja as peças. O tempo faz do homem eterno quebra-cabeça.