sexta-feira, 27 de maio de 2011

Ousadia furtiva

Eu vejo nossa coragem. Ela, às vezes, murcha diante do desconhecido. Eu vejo nossa coragem e ela murcha, às vezes, diante de nós mesmos, desconhecidos. Está escrito no fado do guerreiro: há de se lutar até a morte, e não vindo a morte, há de se prolongar a luta. Mas ainda a vejo. Mais. Já a sinto. A coragem indo. Nosso destemor vaza como orvalho e se acaba na terra, entre vermes e bosta. No escuro, entre medos e demências. No mundo, entre homens e mulheres. E as asas, onde as repousamos? É que esconderam a chave da gaveta de sonhos incríveis para pessoas funcionarem, manterem carregadas as baterias. É que roubaram-nos a doce alegria por viver num planeta paralelo, no qual há cores e sons embolados em sorrisos e mãos de gente de bem. De gente sábia. Tão sábia que perdeu sua coragem de vista. Cortaram nossas asas. Ou cortamos.
Não sabemos daquela ousadia há muito tempo. Se ela anda. E se anda, não é por essas bandas.
Oh, Deus, como bravura faz falta no mundo!

quinta-feira, 26 de maio de 2011


Não acredite em minhas palavras, elas não sabem o que dizem. Acredite em meus olhos, eles sim dizem verdades sem ao menos querer dizê-las.

domingo, 22 de maio de 2011

De Minas ao Rio,
saudade comprida
não sabe o caminho.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

terça-feira, 17 de maio de 2011

É como fruta


O que é a paixão senão um sentimento incontrolável? Por ela se ri, chora, faz, vive. Num só momento em desespero, num de repente, num minuto cheio de pressa.
O amor? Eis uns dos mais racionais. Por ele se ri, chora, faz, vive. A qualquer momento numa cautela ímpar, por muito tempo, numa vida inteira cheia de calma.
A diferença entre apaixonar-se e amar é uma simples questão de amadurecimento.

domingo, 8 de maio de 2011

aconchego de dois

quero-te espontâneo em mim espontânea
quero quebrar a regra de tua reza rude
e partir nossa paixão em pequenas partes
para morder cada uma quando sentir fome
mas nunca me saciar
mas nunca dar fim a alguma parte
para que infinito seja enquanto infinito dure
para sempre que dure
quero que aconteçamos
aconteça o que acontecer

viver, te ver, tu
viver,tu , vim ver, ter

quero-te fogo em mim fogo
e quando vento em mim vento
e quando água em mim água
e quando medo em mim medo

quero-nos um prato frio de entrada
um vinho a manchar o lençol
nossas pernas emboladas sem forma
nossos corpos pesados como pedra
sem hora
sem hora
e agora
esta noite
e depois

fica, aconchega
chega perto
acalma a cama que ainda é domingo
e a cidade dorme sonhando nós dois