Quando eu nasci
me contaram que um anjo safado torto chato
viria para decretar como eu deveria ser
esperei
mas ele não veio
E como não veio
escolhi ser poeta
pisar leve em palavras
sem licença ou vergonha
escolhi fazer escolhas na vida
[meu lixo anda cheio de determinações]
quarta-feira, 30 de junho de 2010
sexta-feira, 25 de junho de 2010
pedras preciosas
...para respirar o ar poluído depois de solver um tanto de sol e massacrar meu tempo dentro do maior abraço do mundo enquanto ouço confortavelmente o leal discurso com as mesmas simples palavras terminar em sermão. Para sentir o cheiro do café amargo às 6 seguido do gosto amargo do café às 7 e comer broa de padaria e depois deitar em sua cama atravessada esticando tanto braços como pernas sobre o cobertor já aquecido pelo seu corpo bruto. Para compreender o motivo de toda extensão por considerar a estima das conquistas, comendo arroz fresco ao escutar histórias e intrigas de casal e reabastecer as esperanças e remoçar a calma criando novas formas que irão enrijecer as pernas que irão retomar o rumo e gritar o quanto tudo valeu a pena, enfim, deitando cedo, fechando os olhos, sendo acariciada por mãos aveludadas em amor e amar e sorrir e amar. Para isso, não só, estou em casa, outra vez. Portanto, concordo quando afirmam haver um porto. E digo mais, há também um porta-jóias que nos guarda.
quarta-feira, 16 de junho de 2010
Ontem eu vi
Ontem eu vi dois bichos se embolando como linhas criam nós.
Ninguém sóbrio definiria o limite das pernas e braços dançando harmonicamente ao som repetitivo de tum tum tum.
Eu vi tudo aquilo que tinha escrito antes quanto aos olhos tornar-se realidade.
Esfumaçaram a cena.
Distorceram.
Só entristeci pelo fato de minha personagem não ser aquela mulher cabelos longos pretos lisos.
Ela estava louca na roda rodando encostando amassando seus peitos um contra o peito dele. Ela estava louca com a cintura fina sendo agarrada apertada sem pudor, o pescoço acariciado por mãos violentas e a pele em ardência pretendendo despir-se do meio externo e enlouquecer assim, de cara, no meio do salão.
Pareciam famintos
Nus
Sujos
Eu vi os corpos se atraindo e traindo. Bocas se beijando. Eu vi os olhos fugindo um do outro, mas também vi quando ele me olhou de lado de jeito bêbado.
Não sei onde foi parar a suavidade da prosa. Morreu no papel? Porque havia desejo desencantado. Fiquei com Nojo. A teoria determinista comeu meus versos bordados noutro lugar.
Eu vi dois bichos selvagens loucos nus descontrolados infiéis tentando se amar.
E se amaram sem amor.
Ninguém sóbrio definiria o limite das pernas e braços dançando harmonicamente ao som repetitivo de tum tum tum.
Eu vi tudo aquilo que tinha escrito antes quanto aos olhos tornar-se realidade.
Esfumaçaram a cena.
Distorceram.
Só entristeci pelo fato de minha personagem não ser aquela mulher cabelos longos pretos lisos.
Ela estava louca na roda rodando encostando amassando seus peitos um contra o peito dele. Ela estava louca com a cintura fina sendo agarrada apertada sem pudor, o pescoço acariciado por mãos violentas e a pele em ardência pretendendo despir-se do meio externo e enlouquecer assim, de cara, no meio do salão.
Pareciam famintos
Nus
Sujos
Eu vi os corpos se atraindo e traindo. Bocas se beijando. Eu vi os olhos fugindo um do outro, mas também vi quando ele me olhou de lado de jeito bêbado.
Não sei onde foi parar a suavidade da prosa. Morreu no papel? Porque havia desejo desencantado. Fiquei com Nojo. A teoria determinista comeu meus versos bordados noutro lugar.
Eu vi dois bichos selvagens loucos nus descontrolados infiéis tentando se amar.
E se amaram sem amor.
quinta-feira, 10 de junho de 2010
Queriam não se querer, eu sei, é difícil lidar com o descontrole.
E, como se a noite viesse, afoita, jantar o dia, olhavam-se demais por não terem tempo. Olhavam-se demais por amarem demais seus pares, que longe, transportavam felicidade no relacionamento sóbrio, tudo que você espera de um amor para o resto da vida, nos pares alheios, morava. Estranho, olhavam-se demais, gulosos, tortos, ousados, vulgares. Despiam-se no centro em pensamentos. Por respeito aos amores eternos e intensos do outro lado desta realidade murcha, não ultrapassavam os dez metros estipulados um com o outro, naturalmente. A regra da sobrevivência da solidão, de fato, na cidade, cumpria-se com os corpos distantes, que mal sentiam os perfumes absorvidos na pele às seis da manhã cinza de terça. Não podiam sentir a pele, os lábios, o coração. Não podiam sentir. Confundir a razão e desintegrar a pose era comprometer-se a entregar ao risco os pontos frágeis. Fingiam-se de mortos quando cruzavam pernas no corredor, quase sempre, sempre. Mas olhavam-se demais, e que coração, e que cabeça será capaz de enganar os olhos? Queriam não se querer, eu sei, é difícil lidar com o descontrole.
terça-feira, 8 de junho de 2010
passando amando sentindo
Passo.
Não como passageiro. Não como espectador.
Passo, amo, sinto.
passar amar sentir não somente na estação.
Mas no trilho.
Não como passageiro. Não como espectador.
Passo, amo, sinto.
passar amar sentir não somente na estação.
Mas no trilho.
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