sexta-feira, 27 de maio de 2011

Ousadia furtiva

Eu vejo nossa coragem. Ela, às vezes, murcha diante do desconhecido. Eu vejo nossa coragem e ela murcha, às vezes, diante de nós mesmos, desconhecidos. Está escrito no fado do guerreiro: há de se lutar até a morte, e não vindo a morte, há de se prolongar a luta. Mas ainda a vejo. Mais. Já a sinto. A coragem indo. Nosso destemor vaza como orvalho e se acaba na terra, entre vermes e bosta. No escuro, entre medos e demências. No mundo, entre homens e mulheres. E as asas, onde as repousamos? É que esconderam a chave da gaveta de sonhos incríveis para pessoas funcionarem, manterem carregadas as baterias. É que roubaram-nos a doce alegria por viver num planeta paralelo, no qual há cores e sons embolados em sorrisos e mãos de gente de bem. De gente sábia. Tão sábia que perdeu sua coragem de vista. Cortaram nossas asas. Ou cortamos.
Não sabemos daquela ousadia há muito tempo. Se ela anda. E se anda, não é por essas bandas.
Oh, Deus, como bravura faz falta no mundo!

Um comentário:

  1. Vi um comentário seu no blog do Leonardo e vim, curioso que sou, conhecer o seu. Muito bacaca. Parabéns! E este texto é muito interessante.

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