domingo, 9 de outubro de 2016

Relato sem fundamento no domingo.

Parei para ouvir Drummond neste fim de domingo, e não sei bem o porquê, mas lembro do menino no metrô. Tinha os seus 7, 8 anos, os olhos cor de mel, cabelos crespos e ar de curioso. Olhou-me ávido. Logo firmou ao perceber minha jaqueta jeans amarrada na cintura. Sentou-se ao meu lado quando vagou o banco e olhava, tentando ser discreto. Se há algo que bicho criança não consegue é disfarçar. Se há algo que me deixa alerta é ver criança com cara de não sei o quê.  E a jaqueta era o foco. Ele tinha uma jaqueta jeans amarrada pela cintura como a minha. Talvez pensasse: como ela, moça, tão moça, veste como eu? Ou como eu, menino, tão menino, visto como ela? (Entenda-me, leitor, este pensamento não é de criança, era o meu.) No máximo ele: uau, estamos iguais. Ou vá lá saber. Percebo que saltam cheios de brilho e sorri assim: de lado com cara de gente grande. Eu sou o maior. Senti-me tão tão engraçada e ri também toda por dentro. Tinha minha idade dividida por 4, e a mesma jaqueta na cintura. Eu ria tanto internamente que já não sabia  onde começava o menino, onde eu começava. Éramos dois personagens no transporte público do domingo azul dia de feira e íamos não sei onde com jaqueta azul na cintura de onde tiramos isso moda não entendo porque mas eu tenho 26 e ele 7. Mãe, vamos saltar aqui? São Francisco Xavier. Sim. Segui viagem sem saber se havia saltado também.
Sabe, aquela jaqueta, aquele menino,aquele sorriso. Nunca imaginei que moda me fizesse sentir algo assim.

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