domingo, 30 de maio de 2010

Bela aceitou o convite de namorar o mundo.
Guardou os sonhos na bolsa e levou no corpo um vestido querido rendado de nuvem, desses que saem do armário em datas incomuns . Esta era uma delas: o grande encontro com o mundo. Ensaiou o que ia dizer e no final de cada ensaio modificava as palavras, mas não a essência. Bastava contar os lugares que vira, revelar a nova casa, o novo canto. Bastava viver de novo igual ao ontem e ao amanhã, entretanto, complicava a repetição. Catou margaridas no canteiro vizinho, trocou os passos e os passados. Foi escrevendo na calçada as honrarias, bailando a ponto de embolar os braços na cintura quando parou. Bela parou e Bela parou e parou. Até Bela parar de vez.
Procurou na bolsa e nada. No bolso e nada. Olhou em torno e nada. Estava esquecendo. Onde está o amor, Bela? Riu-se completa e foi buscá-lo no caminho.
Deve ter deixado em algum lugar por aqui que não sabe onde.
Não sabe onde.
Não sabe onde mesmo.
Você não viu, leitor, por acaso, uma metade da laranja, do limão, do abacaxi? Eu também não vi, já falei, mas ela não desiste e ainda procura. Jurou que não vai namorar o mundo com as mãos vazias de outras mãos.

Um comentário:

  1. Namorar o mundo com as mãos entrelaçadas com outras mãos, é mais apaixonante.
    bjo bjo bjo bjo bjo bjo bjo bjo......
    Te amo

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