quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Distante da vida na terra.

Eu a vejo assim: parada, quieta, às vezes sorrindo. Assim, às vezes de lado, acanhada. Vejo-a por completo, como é. Exatamente. Em desenhos perfeitos dela e nela, fotografo. Curvas tortas, fechadas, abertas, curvas muitas, faço quadro. Eu a vejo fora de si, onde? Nem sei. Só há matéria. Exatamente ali, assim.
Ela vem me perguntar: pareço distante da vida na terra? Talvez. Penso, repito. Distante da vida na terra. Mas a distância também tem sua validade porque nos instiga. Tem o poder que eu sonho em ter, cria e dá fim a sentimentos.
Quem teve a graça de nascer com bons olhos e alma grande, sabe que tudo vale a pena. É justamente aprender e “reaprender” o sentido dos homens. Passam tantos com muita pressa, esses homens caminhando, que entre eles perdem-se os valores.
A distância revela o que a peneira quer tampar: detalhes. O verdadeiro porquê do acontecimento. Um amor amargo imenso àquilo deixado para trás. Ela revela.
Lia-se. Leia-se, interprete. Nunca se está longe de tudo. Aqui existe o pedaço de uma coisa, o fim de uma coisa no universo. Este fim é o início de outra coisa. Não sei lidar com o mistério. É contradição, pois tudo acaba. Só que no limite de algo há outro algo. Então, nada acaba? Não há distância real. É relativo. Deixo-a onde quer. Se ela está distante da vida na terra, pode muito bem estar mais próxima da vida em si.

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