A ponta dos dedos do poeta é de pó de ouro.
Tem cheiro de jasmim da índia com perfume alecrim.
Faz tilim-tilim como o sino da Matriz.
Pés de bailarina em mãos, delicada e rude.
É com ela que o poeta desenvolve a criação.
Com ela se cala ou fala o universo.
É mistério, enigma e certeza.
Porque a ponta é a estrada da palavra.
De longe, ao vento, umas letras infiéis.
Perto, rente ao peito, à ponta,
elas, tortas se endireitam.
Gritam perturbadas!
Esse pó, nesse pó, nesses dedos
A textura de si escorre pelo corpo.
A ponta dos dedos é ponte entre alma e papel.
E pela ponte o poeta se faz.
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