terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Luar

Andamos uns 700 metros com os pés no céu e as mãos no chão. Pisando em estrelas e contando buracos no asfalto, foi de cabeça para baixo que nos reencontramos. Vivendo de novo um novo meio cheio de coisas velhas, meio vazio de surpresas. Tantas caretas ao desabafar besteiras, ao nos entendermos. Se é que existe o entendimento em sonhos.
Quando a borboletinha amarela pousou na calçada, foi riso louco querendo sair. Saiu. Ficamos perdidos naquela cidade tão ausente em nós, tão passada no passado. Foi carinho ali, desta maneira: teorias de tudo, com tudo, por tudo.
Você roubou flor no jardim de uma casa branca que parece de boneca. Pôs em meus cabelos e ela quase desapareceu entre tantos fios castanhos. Não houve contentamento.
Umas nuvens cor-de-rosa dominaram os pés, e quase assistimos à cena de cinema ao desviar com asas o avião seguindo para São Paulo. Dizem que lá não há quem te cuide e veja. Eu que não mudo para São Paulo. Eu que não troco meu carro de pão na minha rua pelas buzinas e prédios de São Paulo.
Você me deu uma estrela de presente e pôs até meu nome, mas não gostei muito, desculpa. Se eu pudesse, escolheria o luar. Mas tivemos muito medo de buscá-lo, entendo, enfim, porque deixamos os presentes de lado.
Corremos, então, na rua das árvores sem ninguém e escutamos uns cantos sobre amores passeando na esquina. Tinha uma voz mais que grave como Tim. E parados olhamos nos olhos dos nossos olhos, cultivamos desejos, perdoamos o tempo, compreendemos os erros, e criamos um sentimento diferente com todasascoisasboasdessemundo dentro. Ainda sem nome. Mas um dia terá. Se você vier...

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