sábado, 6 de março de 2010

Hei

Quando crescer quero fazer poesia na borda de vestido rendado.

Escrever rima no muro
ver minhas palavras colorindo o papel
alegrar pequenas cabeças
gritar nas bocas
entrar nos becos.

Como doce em tarde de criança
como sofá em casa de vovó
como futebol em domingo de pai
como feto em útero de mãe.

Quero ver colorir colorido
à guache, à óleo, à crepom
fazer poesia em pele de moça
E crescer como a poesia.

A poesia de mim que hei de crescer completamente louca!






Parênteses

( na madrugada, despertei ainda anestesiada do sono profundo ouvindo barulho de mar. Levantei da cama meio tonta, e cambaleando fui em direção à janela. A porta do quarto fechada proporcionava um ambiente escuro no qual a visão permitida era essencialmente mínima aos olhos. Mas o quarto era meu, por isso saberia mover-me de cabeça para baixo com venda preta, ou há milhas daqui em pensamento. Abri a janela para passar míseros momentos apreciando a paisagem. O barulho era tentador. Lentamente as peças de madeira se afastaram e o vão ficou formado bem ao centro, uma greta. Cocei os olhos para ver com objetividade, eu permanecia sonolenta. Vi foi uma parede amarela e um muro amarelo. À frente, o micro ecossistema - também conhecido como o jardim, área verde da minha casa - a grade, a rua, a casa da frente, a casa do lado da casa da frente, as pintura mal feitas, uma laje, um telhado, o poste marrom, a trepadeira subindo por ele, enfim. Vi tudo normal. Alucinação minha foi supor que abriria a janela e veria um belíssimo oceano azul com ondas quebrando na praia, barquinhos a navegar e umas gaivotas sobrevoando a região em forma de vê. Só depois fui descobrir que o barulho era apenas o meu ventilador. Era verão.)

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