sábado, 13 de março de 2010

Querida flor,

Não adianta, minha nega, todo mundo já percebeu. Inclusive lá em casa estão comentando. Está transparente e decifrável. Está no ritmo dos quadris, no brilho dos seus cabelos, na cor morena demais da sua pele. Não adianta. Está no ar que expira modificado, tão filtrado, um novo perfume. Nessa coisa toda um quê ímpar, completamente seu, privado. Voltou no tempo, voltou? Pois parece que voltou à idade flor da vida. Como se recolhesse os frutos e revolucionasse os sabores. Você não me engana mais. Descobri a fundo seu segredo em uma traição própria: ele revelou-se. Entendo, flor, não há hora ou data marcada para ser feliz, mas peço humildemente que dissolva esse tanto de poesia no chão ao passar. O céu claro demais, o sol quente demais tem sede de ti. E eu cá, estou cansado. Diferente do que vejo, esses móveis são obviamente mais velhos que eu, mas andam com postura ereta melhor que eu. Não ria. Apesar do riso ser a expressão habitante na face dessa ousadia juvenil. Declaro a incógnita exposta. Você não me engana. Já descobri porque está assim tão leve, jovial, solta, o andar quase bailando pela principal. Pare. Causa ciúmes no velho. Agora vá! Vá vestir um pedaço de pano que cubra essa felicidade toda!

3 comentários:

  1. é do Gabriel Garcia Marquez? lembro que li, mas não lembro onde...

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  2. Oi Augusto. Acho que você se confundiu porque o texto é meu mesmo. Beijos.

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  3. ahhh, eu jurava que já tinha lido! sério!
    mas enfim, parabéns pelo texto, tá muito bom

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