sexta-feira, 30 de abril de 2010

Olha, isso não é tristeza, é só saudade.

Mari olhou para a tela como quem olha pela janela. A visão curiosa do
conhecimento, os muitos quilos da obrigação. Queria fugir por cinco minutos da
normalidade de seus dias, fugir de si, fugir dali. Foi quando, longe, alguém
escreveu poesia de um jeito diferente, como se a poesia pudesse ser tocada,
abraçada, como se a poesia fosse gente, tivesse pele, cabeça, pernas, alma.
Carimbou com tinta amor umas palavras densas, amontoadas, sem pedir licença ou
mesmo por favor. Ela, ah ela, essa mulher que distante te entende, que
mistura o doce sorriso com lágrima salgada, que mistura os sentimentos como
mistura ingredientes para o bolo no café da tarde. E saem quentes, prontos,
cheirosos, deliciosos. Ela, que faz teu tempero perfeito. Ela, que de repente
enfeitou o momento, fantasiou o minuto, porpurinou o ar, fez voar toda a
felicidade do mundo. Que não diz apenas, mas apenas sente o que diz.
"Seu quarto permanece imóvel, nada se mexe nele, nada sai do lugar, tudo sempre
igual. Saudade dos livros, mil folhas de exercícios e apostilas sobre a mesa do
computador. "Não guarda não filha, deixa aí em cima, fica mais fácil. Saudade do
perfume, da luz acesa, "vai dormir Mariana", do creme corporal, "que cheirinho
gostoso é esse Mariana?" ah...e o barulho do chuveiro de manhã? Olha, isso não é
tristeza, é só saudade. Amo-te."


Olha, isso não é tristeza, é só saudade.

2 comentários:

  1. Como é bom poder se deparar com textos tão bonitos em uma tarde de sábado!

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  2. Filha que lindo!!!!!!!!!!
    Fiquei muito emocionada. Você me fez chorar, mas não de tristeza...agora de saudade, de emoção e de felicidade por ter você na minha vida para sempre.
    Amo-te demais e para toda a vida!

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