quinta-feira, 20 de maio de 2010

a poesia.

Não bebe um poeta tantas linhas programadas. tortas ou planas, que sejam intensas e poucas.
ou muitas, que sejam.
Não bebe um poeta louco ou são.
o grito. o pedido.
a bosta no sapato às seis da manhã. às vezes às sete. às vezes.
tudo é motivo moído mastigado e cuspido.
tudo é tema, é base.
e o poeta edifício edifica calmamente no sinal vermelho.
não rouba ideias de outras cabeças.
não está ali para fazer química de letras. nem física de encontros. nem sensibilizar sempre.
atenta pros olhos.
pros sonhos estragados.
não se embriaga de nenhuma metade, a metade não enche o copo. e o copo é meio vazio.
engole a dose completa.
A palavra fede, espeta e belisca.
Não bebe um poeta preto no branco.
Ela tem cores, odores, texturas.
Ela tem tempo, medo, medida infinita.
Ela viaja pelo mundo arrumando bagagem.
dá poeira à estrela.

ela tem tudo que só cabe em si.

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