sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Balõezinhos, de Manuel Bandeira




Na feira livre do arrabaldezinho
Um homem loquaz apregoa balõezinhos de cor:
-" O melhor divertimento para as crianças!"
Em redor dele há um ajuntamento de menininhos pobres,



Fitando com olhos muito redondos os grandes balõezinhos muito redondos.
No entanto a feira burburinha.
Vão chegando as burguesinhas pobres,
E as criadas das burguesinhas ricas,



E mulheres do povo, e as lavadeiras da redondeza.
Nas bancas de peixe,
Nas barraquinhas de cereais,
Junto às cestas de hortaliças,



O tostão é regateado com acrimônia.
Os meninos pobres não vêem as ervilhas tenras,
Os tomatinhos vermelhos,
Nem as frutas,
Nem nada.



Sente-se bem que para eles ali na feira os balõezinhos de cor são a única mercadoria útil e verdadeiramente indispensável.
O vendedor infatigável apregoa:
-"O melhor divertimento para as crianças!"
E em torno do homem loquaz os menininhos pobres fazem um círculo inamovível de desejo e espanto.









( Poema de Manuel Bandeira e ilustração de Teo Puebla)

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