segunda-feira, 1 de março de 2010

Era uma vez uma lagarta verde que se camuflava nas folhas verdes de um campo de girassóis. Morava, desde pequena, naquele belo lugar, povoado de ninguém, só de flores amarelas como o sol girando e girando e jamais se cansando de girar como o sol.
Deu primavera, lá em Setembro mesmo, aposto, e a lagarta sentiu um sentimento novo, sei lá, amor e ódio. Queimou o corpinho verde. Ela chorou a dor que doía. Foi-se embora morar numa casa feia. E lá ficou por muito dias, lá ela refletiu sobre sua vida e escolhas, metaformoseou outro ser. Sabedoria, equilíbrio, tudo veio ao vento, soube lidar com problemas e crescer forte. Saiu borboleta.
Ao abrir os olhinhos viu muitas telas de mesma cor. O amarelo do campo ressaltava seu azul do céu. Os girassóis nem mais se importavam com o sol. A conversa fiada de quem é essa borboleta céu nova que chegou de onde veio nunca vi ela é bonita sei não era preocupação geral. Quase fizeram revolução, história para boi dormir, mentirinhas, quem conta um conto aumenta um ponto, coisas de vizinhança.
O tempo, deus dos deuses, foi passando, passando. Quando um dia, quem passou por ali foi um homem. Alto, esbelto, jovem, cheio de vida, reflexo de saúde e blá blá blá, encantou a borboleta , que se apaixonou.
Liberdade no amor não há. Há um corpo só quando os dois corpos se juntam. Foi então, entre suspiros e voos, que ela e todo seu azul colaram-se na pele do homem, rasgou o desejo, sangrou azul. Virou tatuagem em um corpo só. Porque liberdade no amor não há.

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