A gente passa os dias contando os dias para chegar um dia.
Quando chega, a gente nem aproveita, fica sem aplausos ali parado no meio do palco, pronto para recontar. Se olha para cima, vê o tempo passando, passando, passando. Contudo, ninguém vê o tempo fluindo, acontecendo; enfim, ninguém se vê escrevendo o próprio tempo. É ele o grande autor de nossas vidas. Uma troca de valores sem lei e coragem.
A gente passa tantos dias na esperança de algo que virá um dia, sem ousar criar o algo, com paciência para o algo se auto-criar, brotar do nada. Apenas umas lembranças do passado inquietam, e uma incerteza do futuro magoa; entristece; deixa pálido o que será. Perguntando uns aos outros: o que será? quando virá? Esquecendo-nos do que é.
Só, que num dia, um não mais acorda, e a espera tem fim. Quem fica, inicia um blá blá blá constante de "coitado tão jovem, coitado tanto para viver." Não é questão de merecer a morte, mas sim, de gozar a vida enquanto a morte não vem. Porque o fato, é que ela virá.
Então, quem fica, passa um segundo refletindo, repensando, reformulando os valores. Dorme, acorda e começa a contar os dias tudo outra vez.
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